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segunda-feira, 29 de abril de 2013

Consulta no Barbeiro

Homem que se preze desse estatuto vai ao barbeiro. Os outros vão à cabeleireira. Não é bem assim, mas devia ser. 
Homem que é homem não vai à cabeleireira aparar o bigode; vai ao barbeiro. Se um homem tem por hábito ir à cabeleireira, lá vem um dia que faz uma "manicure" e isso, meus amigos, não é de homem.

Barbearia, uma espécie de segunda casa, onde voltamos
todos os meses.....
A barbearia é uma espécie de local de culto. Tem o seu código, o seu protocolo e os seus rituais. A barbearia só pode ser comparada a uma loja maçónica. Se o maçónico tem o esquadro, o compasso e a letra "G" como símbolos, o barbeiro tem a tesoura, o pente e a letra "B". O Grão-Mestre da Loja usa avental. Ai usa? O barbeiro também. E, normalmente, personalizado com o seu nome.
A barbearia é uma tertúlia. Um local de partilha de conhecimentos. Fica-se a par das últimas notícias e rumores do futebol; das últimas novidades dos carros e das motas; do tempo que vai fazer até ao fim do ano porque "O Borda d'Água" lá está para desfazer dúvidas; gravidezes indesejadas e, a cereja no topo do bolo, ficamos a saber das últimas traições matrimoniais da vizinha da frente.
A barbearia também é local de leitura. É lá que podemos encontrar os últimos números de revistas de caça e pesca,  automobilismo e "marotice". Porque o saber tem de ser partilhado. 
Na barbearia encontramos solução para todos os problemas da vida, dos mais elementares ao mais complexos. Se Passos Coelho cortasse o cabelo numa barbearia, o país não estava assim. Qualquer barbeiro tem a solução para a crise; Se o barbeiro fosse treinador de futebol, era campeão europeu todos os anos. O barbeiro tem uma táctica secreta que resultaria na vitória de todos os jogos e que faz de corar de vergonha o Barcelona e o seu "tiki-taka". O barbeiro tem o "ataka-ataka" desdobrado num "tudo ao molho e fé em Deus". 
O Barbeiro tem o poder!!! Porque bate punho!!!!
Um homem vai ao barbeiro e sai de lá novo. O barbeiro é um misto de Joana Solnado, Miguel Gonçalves (o tal que bate punho) e Maya. O barbeiro é confidente e conselheiro, a quem um homem é até capaz de confiar os seus desastres ao nível da performance amorosa. "Ontem não consegui". E o barbeiro tem sempre uma palavra de conforto que é infalível na elevação do ânimo alheio: "Deixe lá isso. Podia ter sido pior". E arranja sempre um exemplo de alguém a quem, efectivamente, aconteceu pior. "Nem queira saber o que aconteceu a um amigo meu...".  
É por isto que uma ida ao barbeiro devia ser comparticipada pelo Serviço Nacional de Saúde. Equivale a uma consulta no psicólogo, mas muito melhor, porque nunca ninguém saiu do psicólogo com o cabelo cortado.
E o barbeiro tem a premissa de se despedir com um caloroso "até à próxima". Porque ele sabe que vai haver uma próxima.
O Barbeiro faz mais uma vítima (real).