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segunda-feira, 27 de maio de 2013

O Limiano orgulho de ser Limiano

Eu costumo dizer que se Portugal não tivesse nascido em Guimarães, só poderia ter nascido em Ponte de Lima. E quando me perguntam porquê, só respondo:
- Já foste a Ponte de Lima? Então vai e já ficas a saber!

Ponte de Lima ostenta orgulhosa e pomposamente o título de Vila Mais Antiga de Portugal e acho mesmo que todos os Limianos deveriam usar um "pin" na lapela com esses dizeres. Só para constar e para que ninguém se esqueça. E é aqui que começa o orgulho.
Aliás, Ponte de Lima é ainda mais antiga que a sua própria nacionalidade, na medida em que D. Teresa lhe atribuiu foral em 1125 e Portugal foi fundado em 1143. Ponte de Lima, já no tempo da sua fundação estava à frente no seu tempo. Ainda D. Afonso Henriques andava à porrada à mãe e já os Limianos tinham o seu cantinho perfeitamente delimitado. 
Ponte de Lima é habitada por uma espécie autóctone muito peculiar e que não é possível encontrar em mais lado nenhum, a menos que o obriguem a ir: o Limiano. 
O Limiano só deixa a sua terra se a tal for obrigado pelas mais diversas circunstâncias da vida. Não há ninguém que defenda mais a sua terra natal que o Limiano, nem quem nela tenha mais orgulho. Se alguém se cruzar com um Limiano na China e lhe perguntar de onde é, a resposta nunca será o tradicional "sou de Portugal". O Limiano diz orgulhosamente "sou de Ponte de Lima" e Portugal só vem depois. Ponte de Lima, Portugal. 
E ofende-se se o seu interlocutor, por um mero infortúnio da vida, nunca tiver ido a Ponte de Lima ou, na pior das hipóteses, nunca dela tenha ouvido falar. Mas, nem neste caso extremo, o Limiano se dá por derrotado e trata logo de dar as informações sobre a sua terra, a forma de lá chegar e descreve-a de uma forma tão apaixonada que faz qualquer um sentir remorsos por nunca lá ter ido e sentir necessidade de lá ir nas próximas férias. E sítio onde pernoitar não faltará, porque o Limiano disponibiliza logo a sua casa. Se os portugueses têm o hábito de bem receber, o Limiano vai mais longe e tem o hábito de bem acolher. Em Ponte de Lima impera o lema "a minha casa é a tua casa".
Ponte de Lima tem história, usos, costumes e tradições únicos; tem sarrabulho e tem lampreia e tem verde, branco e tinto, para ajudar a empurrar. Dieta? Em Ponte de Lima? Pensem nisso depois que o tempo é de abusar.
Ponte de Lima tem as Concertinas que dão colorido sonoro à "Vaca das Cordas" e às "Feiras Novas", que são as mais imponentes festividades do país, mas a partir da meia noite. Se as outras festas acabam com o fogo de artifício, as Feiras Novas começam aí. E duram até ser dia. E até ser noite outra vez. Talvez por isso é que o cartaz das Feiras Novas deste ano seja predominante escuro. Deve ser uma alusão às fantásticas noites das Feiras Novas. Só pode.
Ponte de Lima privilegia as artes, a natureza, o lazer e o desporto. E até tem uma medalha olímpica, que é de prata, mas que para o Limiano é de ouro. Todo o ouro do mundo.
Esta medalha deste Limiano, Fernando Pimenta de seu nome, diz muito da fibra de que o Limiano é feito. O Limiano não está à espera que as coisas caiam do céu. Não precisa de subsídios nem de apoios, nem que os outros façam por ele, ou lhe peçam para fazer. Ao Limiano, basta um vislumbre de uma oportunidade e lá vai ele.  
Tudo o que Ponte de Lima tem, tem-no por mérito próprio, à custa de muito sacrifício dos Limianos e tudo foi alcançado com algumas lágrimas, muito suor e com todo o sangue que lhe corre nas veias. 
É por isso que quando falam de crise a um Limiano, ele ri-se. Ri-se porque a única coisa que lamenta é a austeridade a que o sujeitaram para pagar uma dívida que o Limiano não sabe sequer muito bem de quem é. Mas não será dele, certamente. Mas enquanto os outros perdem o tempo a falar de cenários macroeconómicos, "swaps" e "offshores", o Limiano anda à procura da sua oportunidade porque, ao contrário de outros, o Limiano sempre teve de lutar por aquilo que tem. E como podem ver, em Ponte de Lima, com muito trabalho, até o rio dá medalhas. 
Esse, o Rio Lima, a quem outrora ousaram chamar erradamente de Rio Lethes (rio do esquecimento), porque quem o contempla jamais o poderá esquecer, não resistindo por muito tempo à vontade de lá voltar...
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Deixo apenas um pedido a quem tem responsabilidades no concelho de Ponte de Lima:
Dêem ouvidos aos Limianos e aos seus problemas, não apenas nesta época de eleições, onde tudo são atenções e simpatias, mas SEMPRE. Porque os Limianos o merecem e não pedem mais que isso.
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"Ser Limiano é ter orgulho, mas um enorme orgulho em ser Limiano".





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Nota do autor:
Nenhuma das fotografias é de minha autoria e foram todas recolhidas aleatoriamente na internet.

Se alguém detiver os direitos autoriais, devidamente reconhecidos, de alguma delas, por favor entre em contacto comigo.
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