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quinta-feira, 20 de junho de 2013

A minha cidade é melhor que a tua!

Li ontem n'O Público que Viana do Castelo foi eleita "Best City" pela organização não-governamental "Europe Business Assembly" (EBA) e, por via disso, o Presidente da Câmara, José Maria Costa,  foi também merecedor do prémio "Best Manager", atribuído pela mesma organização, e à noite chegou a confirmação através do noticiários televisivos.
A surpresa cresceu quando soube que Viseu e o seu Presidente de Câmara, Fernando Ruas, serão também agraciados com os mesmos galardões numa cerimónia que terá lugar entre 30 de Junho e 2 de Julho, na cidade de Montreux, Suiça, e que contará, inclusivamente, com um discurso de Fernando Ruas, líder do município Viseense.
Como o prémio em causa pretende fazer o reconhecimento do "sucesso da gestão e da dinâmica do desenvolvimento das cidades" e estes são dois atributos que eu não reconheço nem à gestão de Fernando Ruas em Viseu e muito menos à de José Maria Costa em Viana do Castelo,  fiquei com a "pulga atrás da orelha".
Impulsionado por esta dúvida, e após uma pequena investigação na internet, que não demorou mais de 5 minutos, descobri que a dita organização irá também premiar os desempenhos de cidades como Mormugão (Índia), CapricornHibiscus Coast e Madibeng (África do Sul). Perante isto e com mais "uma volta pela net", descobri uma polémica à volta da atribuição do galardão à cidade de Madibeng e que tudo não passa, afinal, de um esquema.
Então, como é que o esquema funciona?
É simples. Como se pode ler neste artigo, os prémios são COMPRADOS. Sim, comprados(!), podendo o preço de cada um chegar aos 5.000 Euros. Sobre isto, encontrei também este artigo, que refere que Madibeng "comprou" o prémio, e este artigo que considera estas distinções uma nova forma de corrupção na África do Sul.
Posto isto, deduzo eu que o que a EBA faz é enviar emails de forma massiva para tudo quanto é município conhecido e desconhecido do planeta, prometendo um "prémio de excelência" em troca de uma insignificante quantia a rondar os 5.000,00€ e depois é só aguardar que as vítimas caiam no esquema.
Ora, como em Portugal se aproximam as eleições autárquicas, os dois líderes municipais aqui em causa, encontraram aqui, ingenuamente (espero eu), uma conveniente forma de auto-promoção, que ainda por cima é gratuita, uma vez que, como sempre, quem paga a factura destas manobras de marketing político é o contribuinte, à imagem de tantas outras, tais como as revistas municipais que nesta altura aparecem nas caixas de correio como panfletos publicitários. 
E o que é facto é que, resultado desta acção, os dois municípios foram notícia nos principais jornais e noticiários televisivos e isto é publicidade que não tem preço.

Nota final:
Uma organização que, entre outros, atribui um prémio denominado "Socrates Awards" devia causar desconfiança logo à partida.